segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

“Minha mãe morreu hoje, e não me deu tempo de despedir. Não deu tempo de dizer que a amo com toda a força do mundo, e que nunca vou amar alguém tanto quanto amei. Não deu tempo de pedir desculpas pelas burradas que fiz na vida, nem pelas vezes que a disse que ela era um saco. Não teu tempo de pegar na sua mão, e olhar nos olhos. Não me deu tempo de conhece-la realmente. E eu nunca a perguntei qual era seu maior medo, quais era seus sonhos, se ela realmente estava feliz. Não deu tempo de arrumar seus cabelos brancos enquanto os Rolling Stones tocava na rádio. Não deu tempo de deita-la no meu colo. Não deu tempo de aproveita-la. Hoje, enquanto me abraçavam, as pessoas diziam que sentiam muito. Por mim. Sentiam muito por eu não poder abraça-la mais. E por não poder me acordar desse sonho ruim. Sentiam muito porque agora eu estava por mim mesma, e porque eu nunca mais iria poder abraça-la por tras, sentir o cheiro de teu café, provar tua comida. Porque nada mais seria igual, e porque as pessoas que mais amamos são retiradas de nós muito depressa. Minha mãe não me deixou despedir. Não me deu tempo de sofrer. A vida continua, é o que todo mundo me dizia. E eu tive que continuar indo à aula, comendo, e andando na rua. Um roubo de vida. Uma normalidade aparente aonde nada estava normal. E de tudo isso me sobrou as lembranças. As cosquinhas aos quatro anos, as broncas às dez da noite, as piadas tão sem graça! Minha mãe me ensinou que devemos aproveitar quem temos, que a vida é muito curta, e frágil. Que o destino não está gravado em pedra, que as pessoas que mais amamos são tiradas de nós muito depressa e que não podemos fazer nada quanto a isso. Minha mãe me mostrou que tudo é muito pouco se comparado ao amor, que amar é a coisa mais nobre que qualquer pessoa pode fazer e acima de tudo que aqueles que nos amam realmente e indiscutivelmente nunca nos deixa de verdade.”

Essa noite eu sonhei que minha mãe tinha morrido. É engraçado essas coisas e o quanto a gente acorda assustada. Hoje eu tenho tempo pra dizer o quanto a amo. Tenho tempo pra dizer que acima de qualquer coisa ela sempre será a melhor coisa que aconteceu em minha vida, e que não importa o que aconteça, o quanto o tempo passe, ou que caminho minha vida decida levar, eu sempre a levarei comigo. Te amo mãe. Te amo